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Mulheres e TI: Fernanda Weiden, a sysadmin do Facebook

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Na continuação da saga de tentar incentivar a mulherada a se apropriar dos mecanismos tecnológicos disponíveis, a entrevista dessa vez é com a Fernanda Weiden, administradora de sistemas que trabalha atualmente no Facebook, não sem antes ter passado por outras empresas importantes do setor de Tecnologia e ter sido uma das fundadoras do maior evento de Software Livre do Brasil, o FISL. Além disso, a moça faz parte da Free Software Foundation, ou seja: vale a pena saber o que ela pensa sobre a relação da Tecnologia com as mulheres no mundo de hoje. Segue aqui e eu aproveito desde já para agradecer a Fernanda, a Luciana e a Cátia, pela disponibilidade em colaborar com essa série de entrevistas.

Fernanda Weiden

Você é uma administradora de sistemas. Poderia explicar um pouco sobre essa profissão e as atividades que você realiza quando trabalha?
Fernanda: Bom, o meu trabalho é basicamente garantir disponibilidade de sistemas. Isso se dá de diversas formas. Tu precisa planejar como instalar, atualizar e remover software e configurações, responder a incidentes, e criar automação para resolver isso tudo. Hoje em dia, em sistemas de grande escala, o problema a ser resolvido não é “como instalar um apache?”, e sim como fazer instalação e configuração de software, milhares de vezes, utilizando o menor tempo possível de trabalho manual dos engenheiros.

Você trabalha para o Facebook, mas antes disso estava no Google. Alguma vez sentiu que nos outros países existem mais mulheres trabalhando com tecnologia em ambientes de desenvolvimento e administração de sistemas? Se sim, em que países viu mais mulheres ou se sentiu mais “à vontade”?
Fernanda: Pelo que eu observo (não tenho números oficiais), a América Latina aparenta ter mais mulheres trabalhando com computação do que na Europa ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos é melhor que na Europa também.
Eu sempre me senti bem a vontade nesse ambiente. Algumas vezes existem situações que acabam te deixando pra baixo, mas são pontuais e não mais frequentes do que na vida em geral. A sociedade toda é machista, não é exclusividade da indústria de tecnologia.

Como você começou no mundo do Software livre? Com quantos anos? Teve alguma dificuldade no trato com os homens que também estavam aprendendo?
Fernanda: Eu comecei depois de passar num exame de certificação da RedHat, em 2002. Depois disso, eu acabei indo procurar outras mulheres que trabalhassem na área, e acabei conhecendo algumas. Depois disso, me envolvi com a organização do FISL, com o Debian e com a Free Software Foundation, e enfim, me enfiei nisso “até o pescoço”.
Tenho algumas lembranças de incidentes que homens diziam, via IRC, que eu não podia ser mulher por ter conhecimento e saber ajudá-los com as perguntas, e outras coisas do tipo. Mas foram poucas ocasiões, e eu sempre tentei responder esse tipo de coisa com firmeza para não deixar brecha para segunda tentativa. Minha tolerância para discriminação é zero.

Alguma vez você sofreu alguma situação constrangedora em ambiente de trabalho? Se sim, conta pra gente =D
Fernanda: Teve uma vez que eu estava testando um software, e achei um bug. O desenvolvedor insinuou que eu mal sabia escrever, que devia trabalhar como telefonista ou secretária. Eu levantei da minha mesa e fui pra casa. Só voltei ao escritório depois que meu gerente colocou nós dois em uma sala de reunião juntos, e fez com que ele se desculpasse.

Você ganha a mesma coisa que os homens que cumprem as mesmas funções que você? Se sim, em algum momento da sua carreira isso foi diferente? Onde e como?
Fernanda: Essa é uma pergunta meio difícil de resolver. Toda vez que percebi que meu salário estava defasado, eu reclamei e exigi correção. Eu acredito que eu ganhe o mesmo ou mais do que muitos, porque nas últimas empresas que eu trabalhei a remuneração é baseada em performance, e eu sou muito dedicada ao meu trabalho.

Você foi organizadora do FISL, um evento majoritáriamente masculino, e vice presidente da FSF, que também nunca teve uma mulher nessa posição. Que perspectivas você vê para a TI no Brasil do ponto de vista do feminino?

Eu vejo uma grande oportunidade.

Mas a mudança que precisa acontecer para que a mulher queira e conquiste mais espaço em TI é imensa. Por exemplo, quando o plano de políticas públicas para as mulheres foi escrito durante o governo Lula, ele não mencionava nada a respeito de capacitação de mulheres na área de TI. Falava de cooperativas de cozinha e costura. E esse plano foi escrito por mulheres.

Você daria algum conselho para as mulheres brasileiras que querem trabalhar com tecnologia?
Fernanda: O conselho que eu dou é dedicação. Dedicação é a chave para ser sucedida em qualquer campo.

Não leia receitas prontas, aprenda como as coisas realmente funcionam e você estará se libertando para um mundo imenso de possibilidades.

A computação é uma área muitíssimo apaixonante :-)

Yaso

Se eu não tivesse que trabalhar, seria designer.

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